5G não pode ser só mais banda e mais velocidade, diz especialista português
Especialista em comunicações, pesquisador do Instituto de Telecomunicações da Universidade de Aveiro de Portugal, integrante do IEEE e líder do Networld 2020 para o futuro da comunicação, o professor Luis Aguiar disse que a 5G não pode ser só mais banda e mais velocidade. Para que realize seu potencial de transformar a sociedade pelo negócio e pelas aplicações, é preciso que governos, entidades envolvidas em cada um dos segmentos de mercado que vão ser impactados pelas aplicações de Internet das Coisas e a indústria de telecom se envolvam na solução dos problemas que dizem respeito à superação das barreiras relacionadas à definição dos standards, à garantia do espectro necessário e do ecossistema de cada ambiente.
Ele lembrou, ao participar de um debate sobre o tema no Painel Telebrasil 2018, que se realiza em Brasília, que o uso da 5G envolve três grandes blocos: banda larga móvel estendida (mais banda e mais velocidade), M2M nascido (capacidade de dados que pode chegar a 100 vezes a atual), e comunicações críticas (que exige comunicação em tempo real para elevado volume de dados em baixa latência). Em relação ao impacto da IoT nos diferentes segmentos de mercado – saúde, indústria, energia, cidades, mídia e entretenimento e carros conectados —, o que se verificou na Europa é que o que é importante para uma vertical não é para outra.
“O desafio é como customizar na mesma rede diferentes plataformas”, disse ele, lembrando que estão sendo desenvolvidos na Europa um grande conjunto de pilotos em diversos segmentos de mercado.
Aplicações no Brasil
Para Fabrício Lira, pesquisador do CPqD, as possibilidade de uso das aplicações de IoT no Brasil nas redes 5G são muito ampla e de grande impacto econômico tanto nas cidades quanto no campo. No caso das cidades, mencionou aplicações no gerenciamento do tráfego urbano e no transporte público; na segurança pública, com a integração das forças de segurança e dos sistemas de vigilância eletrônica; e na área de saúde pública, melhorando a eficiência operacional e a integração de tecnologias no atendimento de emergência. Com aplicações como essa, os ganhos de economia nas cidades poderiam chegar, até 2025, a US$ 27 bilhões.
Já no campo brasileiro, carente de conectividade em função da extensão geográfica do país, o uso de soluções de conectividade e de aplicações de IoT, ainda que usando a tecnologia LTE numa primeira fase, poderia levar à economia de US$ 21 bilhões, de acordo com o estudo do BNDES mencionado por Lira.
Os desafios de atender ao campo brasileiro — o Brasil remoto —passam também, na opinião de Tiago Machado, diretor de Assuntos Governamentais da Ericsson, por levar rede de transporte de alta capacidade para 40% dos municípios que ainda não são servidos por backhauk de fibra óptica.