Claro, TIM e Vivo apostam nas microondas para suprir necessidades do 5G

Operadoras investem em melhorias da rede de transmissão nos grandes centros urbanos para aumentar a capacidade do backhaul e atender às necessidades do 5G. Huawei apresenta novas tecnologias e promete lançar rádios de 100 Gbps até 2024.

Embora a infraestrutura de fibra óptica não pare de avançar, as operadoras continuam investindo pesado nas redes de transmissão baseadas em tecnologia de rádio. O microondas representa cerca de 65% do backhaul no mundo hoje em dia. O número vai cair pouco até 2027, quando será responsável por 60% das redes de transmissão.

Na América Latina, onde a fibra avança um pouco mais rápido, em 2027 teremos 55% do backhaul em microondas. O restante será feito em fibra (40%) e satélite (5%). Os números são da empresa de pesquisa ABI Research.

Mais importante do que mostrar que a fibra não alcança todos os locais no ritmo esperado, os dados apontam para a continuidade de fortes aportes em equipamentos de microondas por parte das operadoras móveis, inclusive as brasileiras.

Em evento organizado pela Huawei nesta quinta-feira, 27, representantes de Claro, TIM e Vivo confirmaram que as teles usarão desse recurso com a chegada da 5G. E querem que os fabricantes desenvolvam produtos com muito mais capacidade logo.

A Huawei tem atualmente equipamentos para a banda E que atinge velocidades de 10 Gbps a 20 Gbps. Por seu cronograma de desenvolvimento, terá uma solução capaz de entregar enlaces de 50 Gbps em banda E no ano que vem, e de 100 Gbps em 2024.

Para a TIM, porém, a fabricante precisa ser mais ágil. “Já usamos a banda E e teremos as bandas W e D. A Huawei vai trazer até 2024 enlaces de 100 Gbps, mas queremos antecipar para fazer logo os trials com essa tecnologia”, afirmou Marco Braga, engenheiro de rede de backhaul da TIM.

Uso na cidade

Equipamentos anunciados hoje pela fabricante chinesa trazem tecnologia dual band e agregação de portadoras – por isso atingem até 20 Gbps, 10x mais que os rádios de 2 Gbps mais utilizados. Esses novos equipamentos estão em fase de homologação pela Anatel. Espera-se que até o final de julho recebam o aval do regulador brasileiro e possam ser comercializados livremente no país.

Segundo André Fernandes, gerente sênior de soluções em microondas da fabricante chinesa, o backhaul continua a ser fundamental nas topologias das redes por conta do baixo custo e da agilidade de instalação, quando comparado à fibra. Os enlaces em banda E podem conectar rádios com 3 km de distância, ou de 10 km em outras frequências.

Wilson Costa, consultor sênior da Vivo, contou que a operadora está utilizando em seu backhaul enlaces de 2 Gbps, com agregação de dois até quatro canais, dependendo da necessidade local. A tele vai usar mais capacidade para melhorar as redes nas cidades e atender às exigências da 5G. “Com a banda E, estamos trabalhando com enlaces de 10 a 20 Gbps nas regiões urbanas densamente populadas”, contou.

Braga, da TIM, diz que a operadora dá preferência à fibra nos centros urbanos, mas recorre a microondas e à topologia híbrida quando a complexidade de chegada da fibra é maior, mais lenta e custosa.

Latência também é uma grande preocupação para todas as operadoras, em função dos novos casos de uso que a 5G trará. Daniel Dias, especialista em microondas da Claro, destacou que isso vai aproximar o núcleo da rede dos usuários. “Se eu pegar um site fibrado distante 100 km do core da rede, estou falando de uma latência de 1 milissegundo [para a troca dos dados]. Então 1 milissegundo já impacta no serviço de ultra baixa latência, e por isso é muito preocupante”, afirmou.

Segundo Costa, da Vivo, nesse quesito, o microondas supera a fibra. Em condições ideais, os equipamentos microondas apresentam latência até 30% mais baixa que a fibra em razão do poder de processamento atual dos equipamentos ópticos. Os equipamentos microondas precisarão, porém, receber melhorias também em processamento para lidar com a internet das coisas e a quantidade maior de dispositivos conectados simultaneamente a uma estação, ponderou.

Além disso, as condições ideais nem sempre se reproduzem ao ar livre, em meio a chuvas e ventanias. Por isso a Huawei criou uma nova antena capaz de se movimentar automaticamente e garantir que o enlace está sempre operando com 100% de precisão nos apontamentos, contou Fernandes.

Durante uma demonstração no evento com antenas tradicionais que se movimentavam dentro do esperado quando colocadas no topo de postes, a conexão em banda E oscilava, impedindo a entrega de velocidades de 10 Gbps constantes. Com a tecnologia de IBT (intelligent beam tracking) o sinal permaneceu inalterado, em 10 Gbps.

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Rafael Bucco

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