Créditos fiscais fazem lucro da TIM mais que dobrar em 2018

Resultado normalizado, sem fatores não-recorrentes, aponta expansão de 26% do lucro líquido, para R$ 1,56 bilhão no ano. Capex anual foi de R$ 4 bilhões, enquanto o endividamento caiu quase pela metade.

A TIM divulgou na noite desta terça-feira, 19, os resultados financeiros do quarto trimestre e do ano de 2018. A companhia reportou lucro líquido de R$ 637 milhões no período que compreende outubro a dezembro, expansão de 5,3% sobre os mesmos meses de 2017. Para o ano todo, o lucro líquido saltou 107,3%, atingindo R$ 2,56 bilhões.

A evolução do lucro líquido anual, no entanto, não se deve exclusivamente ao desempenho operacional. Fatores não recorrentes fizeram com que o número viesse muito acima do que foi reportado em 2017. Segundo a companhia, operações de sale-leaseback e revisão do prognóstico de perda em processos trabalhistas tiveram impacto negativo**.

O ajuste no contrato de sale-leaseback piorou o resultado num valor muito pequeno, de R$ 400 mil reais. Já a revisão de prognóstico de perda também é negativo. Piorou o resultado em mais de R$ 280 milhões.

Já o crédito fiscal devido à exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins e incorporação da TIM Celular pela TIM S.A., tiveram um grande um impacto positivo. O crédito realativo ao PIS/Cofins somou R$ 350 milhões ao resultado, enquanto o advindo da incorporação da TIM Celular, rendeu R$ 950 milhões.

Desconsiderando esses fatores não-recorrentes, o lucro líquido da TIM Brasil no ano de 2018 foi de R$ 1,56 bilhão, 26,6% maior que o registrado em 2017. Já na comparação trimestral, o lucro líquido normalizado foi de R$ 592 milhões, 2,1% menor que no quarto trimestre de 2017.

A companhia registrou EBITDA de R$ 1,86 bilhão no trimestre final do ano, alta de 5,6%. A cifra para todo 2018 foi de R$ 6,56 bilhões.

Receita, Capex, dívida

A receita bruta do grupo no quarto trimestre aumentou 10%, para R$ 6,44 bilhões. No ano, cresceu 7,5%, para R$ 24,3 bilhões. A receita líquida, por sua vez, aumentou 5,2% no trimestre, para R$ 4,4 bilhões. E +5% no ano, para R$ 17 bilhões.

A empresa faturou mais com serviço móvel. Este cresceu 3,6%, chegando a R$ 3,99 bilhões no trimestre. A receita com fixo aumentou 5,6% ano a ano, para R$ 226 milhões. Nos 12 meses do ano, o serviço móvel registrou receita de R$ 15,3 bilhões, alta de 4,5% frente 2017. Já o fixo cresceu 11,2%, atingindo R$ 860 milhões.

Os custos da operação tiveram alta de 4,8% (R$ 2,6 bilhões) no trimestre e, no o ano, cresceram 1,9%, totalizando R$ 10,4 bilhões – abaixo portanto da inflação de 3,75% calculada pelo IBGE.

O maior aumento nos custos ocorreu na provisão para devedores duvidosos (PDD), que saltou 78,6% no último trimestre e 67,5% no ano como um todo.

O Capex foi de R$ 1,4 bilhão no trimestre, R$ 4 bilhões no ano, equivalente a 23% da receita líquida total. O endividamento, por sua vez, foi cortado quase pela metade, encerrando o período em R$ 3,3 bilhões. A relação dívida líquida/EBITDA caiu de 0,45x para 0,22x.

Resultados operacionais

A companhia registrou diferentes avanços ao longo de 2018. A base de clientes pós-paga cresceu 13,7%, e já significa 36,2% do total de acessos móveis da TIM. Na ultra banda larga fixa, o TIM Live cresceu 19,1% a.a., encerrando 218 com 467 mil clientes.

A receita média por usuário do móvel aumentou 8,4%, para R$ 23,7. Enquanto a ARPU da TIM Live subiu 13,9%, para R$ 82,1.

A tele diz que chegou com sua rede LTE (4G) a 3.272 cidades. A tecnologia de voz sobre LTE (VoLTE) funciona em 2,5 mil cidades. Cobertura esta criada por uma rede de 18,8 mil sites, 67% dos quais conectados a backhaul de alta capacidade.

Ao menos 250 cidades já contam com espectro 4G em 2,1 GHz, resultado de refarming do 3G. A empresa também concluiu o ano com 21 data centers, dos quais 10 data center core, e 11 data center edge.

Além do aumento na cobertura móvel, a companhia afirma que passou FTTH por 1,1 milhão de domicílios (homes passed) em 11 cidades ao longo de 2018. Com FTTc, são 3,5 milhões de pontos. Ao todo, as redes FTTx da empresa estão em 14 cidades.

A tele terminou o ano com 55,9 milhões de clientes móveis, redução de 4,6% da base em função do desligamento de mais de 5 milhões de chips no pré-pago. No fixo, eram 897 mil telefones e 467 mil clientes em banda larga.

**Errata: ao contrário do que foi escrito inicialmente neste texto, o provisionamento de perdas com processos trabalhistas foi ampliado em R$ 280 milhões, e não reduzido.

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Rafael Bucco

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