Embrapii e parceiros investem R$ 280 mi em centros de inovação em IA

São 271 projetos de PD&I que envolvem IA para viabilizar tecnologias inovadoras em diferentes segmentos da indústria nacional
Embrapii e parceiros investem R$ 280 mi em centros de inovação em IA
Carlos Eduardo Pereira, diretor de Operações da Embrapii, diz que há um Comitê de ética para discutir temas sensíveis de IA – crédito: divulgação

Entre 2014 e 2022, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial – Embrapii já movimentou R$ 286,35 milhões em projetos de inovação relacionados à Inteligência Artificial (IA), segundo levantamento da instituição. Como um modelo tripartite, desse montante, somente a Embrapii aportou R$ 95,49 milhões (33,3%); as empresas contratantes participaram com R$ 144,57 Milhões (50,5%) e as Unidades Embrapii – centros de pesquisa que integram a rede de inovação da instituição – responderam por R$ R$ 46,29 milhões (16,2%).

“Durante a pandemia a empresa ampliou o número de ICT (Institutos de Ciência e Tecnologia) para 76 Unidades Embrapii de diversas especialidades. Uma das ideias de criar a Redes MCTI/Embrapii de Inteligência Artificial, foi facilitar o acesso a esse conjunto de centros de P&D. A rede conta com um Comitê de Ética, para discutir os temas sensíveis da IA”, diz Carlos Eduardo Pereira, diretor de operações da Embrapii.

“Desde 2014, a Embrapii já desenvolveu mais de 1500 projetos de 1.040 empresas totalizando R$ 2 bilhões, que incluem os de inteligência artificial. A empresa tem diversas iniciativas em diferentes áreas, como programas de startups e as Redes MCTI/Embrapii de Inteligência Artificial e de Transformação digital. A Rede de IA foi lançada em dezembro de 2020 e conta com a participação de 19 Unidades de inovação Embrapii, entre elas, os principais institutos de pesquisa”, explica Igor Manhães Nazareth, diretor de Planejamento e Relações Institucionais da Embrapii.

Na área de inteligência artificial foram ao todo 271 projetos de 234 empresas que receberam suporte técnico e financeiro para viabilizar tecnologias com IA e atender às demandas industriais do país. Dos 271 projetos, 168 foram concluídos e houve 148 pedidos de patentes.

As áreas escolhidas

São 62 projetos para equipamentos para Processos do Setor de Serviços/ Comércio/ Financeiro; 34 para a saúde; 20 de equipamentos para processos industriais; 18 de telecomunicações; 15 para eletrônica de consumo; 13 de cidades inteligentes; 13 de indústria automobilística; 12 de agroindústria, alimentos e bebidas; 12 de equipamentos elétricos e energia; nove de eletrônica industrial; oito de educação; cinco de logística; cinco de petróleo e gás; quatro de indústria extrativa; quatro de sustentabilidade; três de metalurgia; dois de construção; um para o setor aeroespacial; um de automação e um de indústria aeronáutica.

Os centros de P&D da rede incluem dois Institutos Senai – de Metal-mecânica e de Sistemas Embarcados – e o Senai-Cimatec; quatro Institutos Federais (Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais e Santa Catarina); além de centros consagrados como Inatel, CPqD, Cesar, Certi, Eldorado, Lactec, DCC e unidades das universidades PUC-Rio, Ufal, Furg, UFG e UFCG.

Esses institutos empregam 251 pesquisadores, sendo que 70,6%, contam com mais de dez especialistas e 11,8%, pelo menos cinco. Cerca de 47% têm mais de dez mestres e doutores. Em termos de infraestrutura laboratorial, 29,4% dos institutos têm supercomputadores; 76,5% têm workstation; 64,7% detém máquinas virtuais em datacenter; e 76%, estações de trabalho comuns.

“A rede nasceu porque cada vez mais surgiam projetos mais complexos demandados pelo setor privado que necessitavam da união de mais de um instituto de pesquisa (ICT) que passaram a trabalhar de forma complementar. E também para estimular que as ICTs a desenvolvessem novos produtos na área de IA. A Rede está sob o guarda-chuva da Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial criada no ano passado”, diz Nazareth.

Ele cita ainda a pesquisa com 174 empresas do setor privado sobre como encaravam a IA e como a tecnologia está inserida na estratégia de negócio. A pesquisa mostrou que 76% das empresas acreditam que a IA terá um alto impacto na competitividade dos seus negócios; apenas 24% não utilizam ferramentas de IA. Cerca de 95% consideram a possibilidade de fazer projetos de P&D com Unidades Embrapii  inovação para apoiar o desenvolvimento de novas tecnologias e 26% indicam dar prioridade à formação de área técnica.

“A Rede de IA tem Comitês de Infraestrutura, Capacitação e Boas Práticas. O conselho da rede é formado por entidades do setor privado como CNI, CNA, Internet Association para Artificial Inteligence, Associação Brasileira de Internet Industrial, Brasscom e Assespro, Abinee, Softex, entre outras entidades. As diretrizes são ancoradas na Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial”, reitera Nazareth.

Saúde

Um dos destaques entre os setores é a área de saúde. Pesquisadores usaram inteligência artificial para criar um software capaz de mapear o risco de contágio da Covid-19 no ambiente de trabalho e outros locais de grande circulação. O projeto é uma parceria entre a empresa de soluções em Tecnologia da Informação (TIC) Colins e a Unidade Embrapii de Software e Automação CEEI/UFCG, e conta com o apoio do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).

O software será instalado em um sistema que integra câmeras termais e convencionais, em locais estratégicos e de grande circulação, como copa, salas de reunião, hall de elevadores e outros espaços de convivência. Todos os dias, ao ingressar no edifício, funcionários e visitantes terão imagens de calor e de identificação registradas e armazenadas em nuvem.

Outra tecnologia apoiada pela Embrapii é o desenvolvimento de uma ferramenta que utiliza IA para antever complicações nos leitos hospitalares e indicar caminhos mais seguros no cuidado com o paciente. A tecnologia está sendo implantada na Santa Casa de Belo Horizonte.

Desenvolvida pela startup deeptech Kunumi e a Unidade Embrapii – DCC/UFMG, a tecnologia coleta dados clínicos de hemogramas e exames de urina, por exemplo, e os cruza com sinais vitais, como pressão arterial, temperatura, batimentos cardíacos e saturação de oxigênio. As informações são analisadas com o apoio da IA e amparam o diagnóstico, permitindo sugerir intervenções para melhoria do estado de saúde do paciente.

Isso ocorre porque a solução tecnológica traz o conhecimento exato de como o corpo humano tende a se comportar de acordo com quadro clínico apresentado, os protocolos médicos indicados para cada situação e, principalmente, os fatores que levam a óbito e os que indicam maior chance para sobreviver.

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Da Redação

A Momento Editorial nasceu em 2005. É fruto de mais de 20 anos de experiência jornalística nas áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e telecomunicações. Foi criada com a missão de produzir e disseminar informação sobre o papel das TICs na sociedade.

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