Planos controle puxam o crescimento do pós-pago no país

Operadoras não revelam a proporção de pós-puro e de controle em suas bases, mas admitem que o segundo vem se destacando e já é maioria.

TeleSintese-reuniao-apresentacao-resultados-grafico-positivo-pessoas-bate-papoEm dezembro do ano passado, a quantidade de usuários pós-pagos na região de Campinas, que usa o DDD 19, superou a de usuários pré-pagos. Neste ano, a diferença só se acentuou. Em junho, eram 308 mil chips pós a mais que prés. A área foi a primeira do país a chegar a tal cenário. Mas pode ganhar a parceria ainda em 2017 das regiões de código de área 14 (interior de São Paulo) e 54 (interior do Rio Grande do Sul).

Das capitais, Vitória deve ser a primeira a também mudar de perfil de clientela: são 1,6 milhão de pré-pagos, contra 1,59 milhão de pós-pagos. São Paulo tem 17,9 milhões de chips pré em uso, e 16,4 milhões de pós-pagos. Embora no Brasil como um todo a realidade ainda seja bem diferente. Há praticamente dois prés em uso para cada pós. São 160 milhões de acessos do primeiro tipo, contra 81,9 milhões do segundo.

Para Eduardo Tude, da consultoria Teleco, o fenômeno campineiro tem motivo. “Isto ocorreu devido ao grande número de acessos M2M em Campinas”, explica.

Planos controle puxam o bloco

As conexões máquina-a-máquina que puxaram os acessos da cidade paulista devem, no entanto, ter papel secundário no crescimento do pós-pago neste ano. Para executivos das operadoras, os planos do tipo controle são os grandes catalisadores da mudança na base de clientes.

“Tem um movimento de incentivar a migração do pré para o controle, que é um pós-pago com valor fixo na conta. O cliente pegou gosto pelo produto, que por não precisar fazer recarga, adiciona a comodidade do pós ao estilo de consumo do pré”, avalia Marcio Fabbris, vice-presidente de B2C da Vivo.

Segundo o executivo, a empresa está investindo para atrair este consumidor. Seus call centers e SMS convidam usuários pré a migrar, em troca de benefícios. “Hoje já temos mais clientes no controle do que no pós-puro. Além da migração natural, estamos conseguindo capturar clientes da concorrência”, comemora. O feito se deve, a seu ver, pela oferta de acúmulo de franquia para o mês seguinte e divisão dos dados entre parentes de uma mesma família.

Para a TIM Brasil, crescer no pós-pago se transformou em questão fundamental. A operadora se reposicionou neste segmento no segundo trimestre, com o lançamento dos planos Black. A ideia por trás da oferta é atrair o cliente de alta renda, que até então via a operadora como fornecedora de pré-pagos. O reposicionamento atraiu clientes para o pós, que cresceu mais de 20% em junho.

Seus efeitos também transbordam pelo controle, mas a tele prefere ganhar consumidores no pós-puro, que segundo seus dados, gera uma receita média três vezes superior por cliente. “Pós-pago é parte cada vez mais relevante do mercado, segmento que no passado a gente perdeu um pouco, e agora temos feito nosso dever de casa para recuperar”, diz Daniel Cardoso, CMO da TIM. A empresa bate na tecla da qualidade na oferta de dados e da cobertura 4G, que atinge 2 mil cidades.

Sem o custo do pré, maior recorrência

Jean Borges, CEO da Algar, também vê expansão do pós vinda da adesão ao controle. E lembra que sua importância nas receitas das empresas cresce não apenas devido ao fato de o tíquete ser mais alto e recorrente, mas porque caem os gastos desnecessários com o pré-pago. “Sempre olhamos o custo e o retorno das ofertas. Só trazer base [para o pré] provocava onerosidade, por causa das regras e taxas junto à Anatel”, lembra.

Este pensamento permeia a ação de todas as operadoras brasileiras há mais de um ano. Desde 2015 a base de pré-pagos encolheu quase 25%, o que equivale a 51 milhões de chips desligados. Enquanto o pós conectou mais 10 milhões de chips, alta de 15%.

“Hoje o valor do pré se aproximou ao do controle, e o tíquete do controle caiu um pouquinho. Então, ficou mais simples, mais fácil, fazer essa migração. Para o cliente é positivo porque não tem que se preocupar em fazer a recarga. E para as operadoras é positivo porque tem a receita recorrente. Em um cenário de recessão, manter um cliente com recorrência em sua base é importante”, avalia Roberto Guenzburger, diretor de produtos móveis e conteúdo da Oi.

A operadora espera acelerar a migração de sua base pré para o controle com o lançamento da fatura digital, feito na última sexta-feira, 28. “Até então o controle estava disponível apenas para quem tinha cartão de crédito. Mas 50% do nosso púbico é não bancarizado”, explica.

 

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Rafael Bucco

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