Superintendência do Cade opina pela aprovação da compra da Red Hat pela IBM, sem restrições
A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) opinou pela aprovação, sem restrição, a compra da Red Hat pela IBM, apesar de ver risco de poder de mercado da empresa resultante da operação. Depois de longa análise, o órgão entendeu que não há elementos que indiquem que da concretização da aquisição possa gerar problemas concorrenciais, sejam decorrentes das sobreposições horizontais ou das integrações verticais observadas.
O negócio, anunciado em outubro do ano passado com valor de US$ 34 bilhões, junta a liderança da norte-americana IBM em soluções de TI, com a capacidade de fornecimento global de software e serviços de suporte de código aberto para clientes corporativos, da Red Hat, também sediada nos Estados Unidos. Por meio da operação, as empresas esperam estar em melhor posição para tratar da questão da portabilidade de dados e aplicações por multinuvens e acelerar a adoção de multinuvens híbridas.
Juntas, elas ajudarão os clientes a criar aplicações corporativas mais rápidas nativas na nuvem, impulsionar maior portabilidade e segurança dos dados e aplicações por multinuvens públicas e privadas, tudo com uma gestão de nuvem consistentes”, justificaram as empresas. Argumentaram também que, de um modo geral, a empresa combinada continuará enfrentando concorrência intensa de vendedores comerciais bem estabelecidos (incluindo HPE, Microsoft, Oracle e SAP), alternativas pagas e gratuitas de código aberto e, cada vez mais, grandes plataformas em nuvem pública operadas por players de mercado fortes como Amazon, Google e Microsoft.
Para a SG, face às informações disponíveis, é baixa a probabilidade de fechamento de mercado por parte da empresa resultante da operação. O órgão do Cade também descartou a possibilidade de concretização do fechamento de mercado para terceiros, como adverte a Nutanix, terceira interessada admitida no processo. A empresa disse que o fechamento de mercado dar-se-ia, no seu caso, por meio da conduta de não certificação de um de seus produtos, o Acropolis Hypervisor (“AHV”), pela empresa Red Hat, o que já estaria ocorrendo.
A SG entende que o receio não procede porque os mercados de software empresarial são caracterizados pela grande rivalidade e pelas baixas barreiras à entrada de novos agentes. “Nesse contexto, é de se esperar que eventuais estratégias ‘exclusionárias’ adotadas pela IBM/Red Hat tenham como consequência a migração de clientes para produtos de seus rivais, além do rápido desenvolvimento de novos produtos concorrentes, ainda mais quando considerado o papel dos softwares de código aberto na atualidade”, afirma o órgão, no seu parecer.