VMWare também quer lucrar com a 5G
A VMWare, companhia especializada em soluções de TI e virtualização para data centers, resolveu ser mais agressiva no mercado de telecomunicações. A empresa passou os últimos três anos dando volume a sua divisão dedicada às operadoras, com o desenvolvimento de produtos e aquisições. A compra mais recente, ocorrida em setembro foi a empresa Uhana, criadora de um software de análise de dados e inteligência artificial para redes de acesso virtualizadas.
Os executivos do grupo estão viajando o mundo para convencer as grandes teles a rever sua arquitetura de rede, colocar o data center no centro de tudo, transformando-os em núcleos virtualizados para a oferta de novos serviços. Segundo o responsável pela divisão Telco da VMWare, Shekar Ayyar, o movimento se deve à expectativa de aquecimento da demanda no setor em função da 5G.
O executivo passou pelo Brasil na última semana. Aqui, encontrou-se com representantes das quatro maiores operadoras. Na pauta, as oportunidades que se descortinam em meio a um cenário de achatamento de receitas e crescimento exponencial da demanda por dados. Para ele, as operadoras chegaram em uma encruzilhada, na qual devem decidir como se preparar para o futuro. E a seu ver, esse futuro é um só: virtualização.
“Meu papel é convencer as operadoras de que precisam usar seus data centers para virtualizar o núcleo da rede e com isso ganhar agilidade e reduzir muito os custos. A operadora do futuro não vai vender serviços para o consumidor apenas, será uma plataforma que atenderá também no segmento B2B e venderá serviços especializados para corporações”, avaliou, em conversa com o Tele.Síntese.
Hoje é comum o uso de software da empresa nas redes das operadoras. Ericsson e Nokia, por exemplo, quando vendem seus sistemas de funções de rede virtualizadas, acabam integrando uma ou outra solução da VMWare no pacote. “A nossa busca por uma relação direta com as operadoras consiste em oferecer um produto horizontal, em que as tele pode acrescentar os fornecedores e NFVs que quiserem”, disse.
Ayyar afirma que, neste momento, o foco da empresa é convencer as teles a mexer no núcleo de rede, transformando o legado físico em algo virtual. “A rede de acesso ainda tem um caminho mais longo para ser virtualizada, cerca de cinco, seis ano”, diz. Em sua opinião, as empresas devem investir na mudança para o núcleo virtualizado antes da chegada da 5G, pois nesse caso a atualização da rede será baseada em software, mais rápida e menos custosa.
Neste tempo que a compra mais recente, da Uhana, faz sentido. A plataforma coleta os dados dos rádios das operadoras, e usando IA, consegue fornecer inteligência sobre como ajustar os rádios para melhorar o desempenho na RAN, por exemplo. “Também pode ser usada para coordenar o RAN Sharing entre as empresas”, diz Ayyar.