Crespo: A voz como interface “high tech”

Edgar Crespo é CEO da BiPTT

* Edgar Crespo

Desde a popularização dos telefones celulares, em meados da década de 1990, a velocidade na comunicação interpessoal tem sido um objeto de constante pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Com o advento das mensagens de texto, os diálogos tornaram-se menos rebuscados e cada vez mais objetivos, mudando significativamente a maneira como nos comunicamos com os outros.

A tecnologia seguiu evoluindo, transformando celulares em pequenos computadores. Chegamos a um ponto em que esses equipamentos podem fazer muito mais do que imaginaríamos. Mas já parou para pensar que usar um celular para fazer uma ligação já não é mais tão comum assim?

As mensagens de texto dominaram a comunicação interpessoal. Entretanto, sabemos que um texto não consegue transmitir o calor e a humanidade que tornaram as ligações telefônicas tão apreciadas. A popularização de serviços como FaceTime, Instagram e Snapchat revelam o quanto necessitamos de interações mais vívidas com nossos interlocutores.

Sabendo de tudo isso, por que as mensagens de texto se tornaram tão comuns? Uma boa resposta seria pelo fato de eliminarem toda a “convenção social” e o tempo gasto em uma ligação. Quando ligamos para alguém, temos que digitar o número, esperar que a pessoa atenda, dizer alguma saudação, nos apresentar, quebrar o gelo com alguma amenidade e, só depois de tudo isso, entrar no assunto desejado. Sem falar em todo o protocolo para desligar depois. Uma pergunta como “você recebeu o e-mail?” pode demorar até 5 minutos em uma ligação convencional.

Com as mensagens de texto, todo esse protocolo é deixado de lado. Vamos direto ao ponto e fazemos de tudo para sermos econômicos nas palavras. É bem provável que isso seja uma consequência natural dos antigos telegramas, onde cada palavra importava no valor final da mensagem.

Mas, apesar de toda a tecnologia embarcada em nossos celulares, ainda sentimos falta daquele calor da voz, ou até mesmo da praticidade de apertar apenas um botão e saber que a mensagem será enviada exatamente como a pensamos. E, ainda bem que existem alternativas muito mais simples e eficientes para conversarmos e/ou mandarmos mensagens, sem perdermos a humanidade e sofisticação linguística que só um diálogo por meio da voz nos permite ter.

Aplicativos como WhatsApp, Messenger, Telegram, entre outros têm caído no gosto popular como alternativas para a troca de mensagens por meio da voz. Tais ferramentas permitem que a voz volte a ser usada para troca de mensagens, sem a necessidade de todo o protocolo de uma ligação convencional.

Outra alternativa que vem se popularizando entre os usuários são os sistemas walkie-talkie nos celulares, também conhecidos como Push-to-talk, em substituição aos rádios tradicionais no ambiente corporativo. Tais sistemas permitem gerenciar e trocar mensagens de voz com equipes internas e externas, em tempo real, entre outras possibilidades, e podem ser utilizados por diferentes setores, como segurança, entrega, transportes em geral, logística, bombeiros, ambulâncias, indústrias etc.

Enquanto uma pessoa normalmente escreve em torno de 40 palavras por minuto, ela pode falar até 130 palavras por minuto. Só esta informação já nos revela o quão mais rápida e fácil é a comunicação por voz, quando comparada à escrita.

Não há dúvidas de que a comunicação por voz não é mais uma alternativa para o futuro da troca de mensagens, mas uma realidade que nasceu de uma necessidade natural de nos comunicarmos com mais clareza, velocidade e segurança.

* Edgar Crespo é CEO da BiPTT, app que transforma qualquer smartphone em rádio push-to-talk

 

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