“Estão fazendo uma celeuma”, diz diretor da Embratel sobre a interferência da 5G na banda C
Questão de debates intensos neste ano, a interferência do uso do espectro de 3,5 GHz por operadoras de telefonia na banda C, usada na TV aberta satelital, tem gerado controvérsia. Todos – operadoras móveis, de satélites, Anatel, radiodifusores – reconhecem que existe interferência nas parabólicas domésticas, que ficariam sem captação de TV em locais onde o 3,5 GHz fosse usado pelas teles. Mas há discordância quanto à solução ideal.
Dentro do governo, defende-se a migração dos canais de TV para a Banda Ku. Como consequência, seria criada uma política pública para a troca do parque nacional de parabólicas por antenas Ku. Essa proposta também agrada radiodifusores, que tentam se antecipar a um futuro leilão de banda C por parte da Anatel.
Para a Embratel, no entanto, a medida é cara e desnecessária. A dona do principal satélite irradiador de banda C do país, o Star One C2, está finalizando a construção de um substituto, o Star One D2, mais potente e que traz protocolos digitais que ajudam a dirimir interferências. O equipamento fica na posição 70º W, e transmite 59 canais.
Segundo Lincoln Oliveira, diretor geral da Embratel Star One, há exagero no debate. “Estão fazendo uma celeuma. A solução existe”, diz. A seu ver, com a potência maior do novo satélite, antenas com menos de 1 metro de diâmetro poderão captar tranquilamente o sinal da banda C. A maioria das antenas brasileiras têm diâmetro maior. “Em vez de migrar para a banda Ku, que teria um custo, estimamos, de R$ 650 por domicílio, bastaria trocar a LNBF das antenas, a um custo de R$ 150”, afirma o executivo. LNBF é o equipamento que fica na ponta da parabólica e capta o sinal vindo do satélite.
Além da potência maior e dos LNBFs digitais, a Star One diz que poderá colocar os canais de TV nas portadoras mais altas da banda C, deixando as frequências mais próximas dos 3,5 GHz para uso profissional – que já se sabe ser possível conviver com a 5G com o uso de filtros.
“São várias medidas que se somam para resolver o problema e permitir a convivência a um custo social bem menor. Além disso, temos que lembrar que não será preciso mexer em parabólicas onde não haverá sinal 5G no primeiro momento, podendo-se definir um cronograma de atualização das LNBFs”, defende o executivo.
A Embratel Star One investiu cerca de US$ 400 milhões na construção do Star One D2 e na implantação de infraestrutura em terra para operá-lo. O equipamento, o maior já construído pela empresa, terá banda C, mas também vai operar banda X, de uso militar, banda Ka, para dados, e banda Ku, para serviços corporativos. O equipamento será lançado e entrará em operação comercial até agosto de 2020.