Início do 5G “puro” em todas as capitais pode ficar para setembro

O pedido de prorrogação de 60 dias para o compromisso de ativação do 5G pelas operadoras se deve à impossibilidade de comprar em tempo hábil os filtros que terão que ser implementados para evitar a interferência do 5G nos serviços profissionais de satélite.
O 5G deve ser adiado no BrasilCrédito-Freepick
O pedido de adiamento foi feito pela falta de equipamentos a serem instalados. Crédito: freepik

O início do funcionamento comercial do 5G SA deve acontecer em todas as capitais brasileiras e Distrito Federal em setembro,  e não em julho, como previsto no edital da Anatel. Pelo menos essa é a proposta do grupo técnico formado por Anatel e operadoras de telecomunicações. O pedido terá que ser referendado pelo Conselho Diretor da agência.

Conforme nota divulgada hoje, 11, pela agência, o Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência na faixa de 3.625 a 3.700 MHz (Gaispi) aprovou o envio ao Conselho Diretor da Anatel de recomendação. Será pedida a prorrogação de 60 dias para o cumprimento do compromisso de ativação de 1 estação radiobase 5G para cada 100 mil habitantes.

Conforme o Edital do Leilão, o prazo para o espectro estar liberado nas capitais e no DF era 30 de junho de 2022. A ativação do sinal, na proporção de uma estação para cada 100 mil habitantes, deveria acontecer até 31 de julho. Tudo será postergado, caso o Conselho Diretor concorde com o pedido.

O atraso, explica a agência, se deve à “impossibilidade de entrega de equipamentos pela indústria, para a realização da mitigação de interferências nas estações satelitais, no prazo original”.

Na reunião realizada hoje, 11, pelo Gaispi, a Entidade Administradora da Faixa de 3,5 GHz (EAF), responsável por operacionalizar a limpeza da faixa, explicou que o lockdown na China, a escassez de semicondutores, as limitações do transporte aéreo e a demora no desembaraço aduaneiro trouxeram impactos ao projeto.

Faltam filtros para FSS

Segundo o presidente do Gaispi e conselheiro da Anatel, Moisés Moreira, a EAF reportou dificuldade em obter os filtros para as estações de serviços profissionais de satélite (conhecidos por FSS). No Brasil, mais de 1,2 mil estações precisarão receber novas LNBFs e filtros, mas não existem no mercado local produtos suficientes. As indústrias que receberam as encomendas informaram que vão entregar em junho, às vésperas, portanto, do prazo editalício.

“Para trazer mais segurança a todos, e evitar que as compradoras sejam responsabilizadas pela escassez de componentes, propus alterar o prazo para cumprimento da obrigação. Não significa que haverá adiamento. Continuamos com a expectativa de limpeza em junho. Mas achamos por bem prever mais tempo e autorizar a EAF a limpar as cidades conforme os equipamentos forem entregues”, explicou Moreira ao Tele.Síntese.

A proposta que sobe ao Conselho Diretor prevê a possibilidade de antecipação da liberação do uso de faixa em determinadas áreas de prestação, conforme avaliação a ser realizada pela EAF e aprovada pelo Gaispi, mediante comunicação ao colegiado da Anatel.

O edital do Leilão do 5G já previa que os prazos estabelecidos no cronograma poderiam ser alterados em 60 dias, desde que constatadas dificuldades técnicas para a realização de atividades necessárias para a migração da recepção do sinal de televisão aberta e gratuita por meio de antenas parabólicas na Banda C para a Banda Ku ou para a desocupação da faixa de 3.625 MHz a 3.700 MHz por sistemas do Serviço Fixo por Satélite (FSS).

Outros prazos não mudam

A possiblidade de adiamento já era esperada no mercado de telecomunicações há algum tempo. Embora todos tenham pressa em iniciar a oferta do serviço, o fato é que as regras do edital exigem que o 5G só pode ser instalado depois de feita a “limpeza” da faixa, que hoje é ocupada pelo serviço de TV aberta via satélite, a TVRO.

E, além de as empresas terem que distribuir os kits com antenas e conversores para as famílias do Cadúnico que têm antenas parabólicas, têm também que instalar os filtros nos sistemas profissionais de TV. Esses produtos ainda não foram comprados, como explicou a EAF.

Moreira, o presidente do Gaispi, diz que não há falta de kits Ku (parabólica, LNBF e decodificador), apenas dos equipamentos profissionais. Assim, os planos da EAF para a comunicação da limpeza de espectro e distribuição desses kits deve seguir o cronograma esperado, e começar em junho. Da mesma forma, as emissoras de TVRO podem iniciar a dupla iluminação em banda Ku (além da banda C já em uso) a partir deste mês.

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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