MCTIC aposta em assinatura de decreto em março para estabelecer um programa nacional de IoT
As diretrizes já apresentadas pelo governo para o Plano Nacional de Internet das Coisas começaram a ser alinhadas na forma de um decreto que poderá ser assinado já no próximo mês pelo presidente Michel Temer. Essa é a expectativa de Guilherme de Paula Corrêa, analista de infraestrutura do MCTIC que já participou de encontros com técnicos de outros ministérios e da Casa Civil. Ao se tornar um programa de governo, é possível que entre as iniciativas de apoio ao desenvolvimento do mercado de IoT, o BNDES estabeleça um proposta de financiamento a pilotos nas quatro áreas prioritárias – agricultura, saúde, cidades inteligentes e indústria – na forma de consórcios unindo usuários e fornecedores e sendo liderados por uma instituição tecnológica.
O próprio BNDES já participa de um piloto em modelo semelhante, ao lado do CPqD, na fazenda São Martinho. “Desde 2014, estamos testando novas aplicações e tecnologias na cana de açúcar na fazenda que fica em Pradópolis”, comentou Artur Milanez, gerente setorial do setor de Agronegócios do banco. O Plano Nacional de IoT derivou de um estudo realizado pelo ministério, BNDES, CPqD e McKinsey.
Segundo Corrêa, a proposta do decreto será a de estabelecer o desenvolvimento de IoT como um projeto de governo, com metas de incentivo e expansão a serem alcançadas e, inicialmente, sem muitas amarras. “Se houver necessidade de regulamentações, elas serão feitas posteriormente pelos órgãos competentes citados no decreto”, observou Corrêa.
Os dois executivos reconhecem que ainda há barreiras importantes a serem derrubadas em várias áreas, entre as quais a necessidade de garantir a segurança e privacidade dos dados. Na agricultura, por exemplo, ainda há uma outra questão importante, a conectividade. “Esse é um debate importante, porque há soluções que podem ser aplicadas, como a utilização de banda ociosa das operadoras em regiões rurais”, disse Milanez. Mas ele acredita no potencial desse setor liderar soluções mundiais para culturas tropicais.
O diretor do BNDES também reconhece como outra dificuldade a demanda por investimentos, principalmente entre novas startups. “Não há cultura de capital de risco no país, infelizmente”, ressaltou. Ele citou o Criatec, fundo de investimento criado por iniciativa do banco, como uma das possíveis soluções.
De acordo com Correa, o plano vem sendo bem recebido e entusiasmado as áreas técnicas de outras pastas. Mas reconhece que a amarração política é mais complicada. “O ministro Gilberto Kassab disse que deverá conversar pessoalmente com todos os ministros envolvidos”, afirmou.
Dá para entender o esforço do ministro, uma vez que ele deverá deixar o ministério no início de abril para concorrer nas próximas eleições. E, provavelmente, quer deixar o Plano Nacional de IoT como uma de suas marcas à frente do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, mesmo que ainda precisando desenvolver mais profundamente vários aspectos posteriormente.
Corrêa e Milanez participaram do AgroTIC Café, evento realizado em Patrocínio (MG) para debater a evolução tecnológica no mercado cafeeiro. Ele foi promovido pela Momento Editorial.