Oi espera votação de sua proposta aos credores no segundo trimestre do ano
O presidente da Oi, Marco Schroeder, afirmou hoje, 14, que continuam as negociações sobre a nova oferta que a concessionária irá apresentar no final do mês de março aos diferentes credores para buscar uma saída da recuperação judiciária. Sua expectativa é de que no segundo trimestre a proposta seja votada.
“Fizemos uma proposta em setembro, e vamos fazer eventuais correções. Entre as correções está a decisão da Oi de entregar parte de suas ações a esses credores que terão a dívida abatida”, disse o executivo, que participou de evento promovido pela Teletime e Universidade de Brasília.
Ele voltou a insistir que a classe dos bondholders – que reúne a maior dívida, no valor de R$ 35 bilhões – deve receber ações da operadora brasileira, já que vão passar por um grande desconto dessa dívida. “O tamanho dessa participação é a discussão”, assinalou. A oferta da companhia é de redução de 70% da dívida e, dos R$ 10 bilhões que restarem, uma parte dessa dívida seria revertida em ação e o restante pagos em suaves prestações.
“A discussão, hoje, é qual é o tamanho da participação da empresa que será entregue a esses credores. E o processo negocial faz parte do jogo. A Oi tem um controle pulverizado, ela tem acionistas mais relevantes, como a Pharol e o fundo Société Mondiale – e eles certamente terão que opinar sobre essa diluição”, afirmou.
Dívida financeira
Os bancos têm a receber R$ 15 bilhões da Oi e, conforme o presidente da operadora, eles não querem ações da companhia. A proposta é renegociar essa dívida por uma prazo de 17 anos, com taxas de juros bem abaixo do mercado.
Oferta dos fundos
Para o presidente da Oi, as possíveis ofertas dos fundos Elliott, Cerberus, ou do egípcio Swaris, não devem ser analisadas antes do fechamento da negociação entre os controladores e os credores. “Eles não são sócios ou credores, são investidores. Defendo que se faça a negociação agora somente com o acionista e o credor e depois, se qualquer um quiser vender sua participação para qualquer um deles, teria toda a liberdade”, disse o executivo.
Anatel
Schroeder afirmou que a dívida com a União terá a primeira reunião de mediação no início de março. E que a Anatel já recebeu a proposta da operadora para o que poderia ser feito com essa dívida.
A justiça separou a dívida da Oi com a União em duas – a da AGU, no valor de cerca de R$ 6 bilhões, e a da Anatel – no valor de R$ 12 bilhões. Do montante de R$ 20 bilhões listado pela agência reguladora, cerca de R$ 3 bilhões são referentes a dívidas tributárias, que não foram incluídas pela Oi no processo de recuperação judicial.
Segundo o executivo, na reunião de mediação prevista para o início de março, será discutida com a Anatel a proposta feita pela empresa e em separado a dívida com a AGU. Ele diz que, se não houver negociação, haverá a “judicialização” do processo.
“Nós não brigamos ainda em relação ao valor. Mas se não houver negociação, iremos questionar o valor das multas, que é completamente desproporcional. Tanto que, depois que a Anatel estabeleceu as regras, as multas caíram para 20% do que eram na época. Quando não havia regras, as multas eram absurdas”, completou ele.