Crise da Oi: disputa entre bondholders e controlador permanece

O fundo Société Mondiale, liderado pelo empresário brasileiro Nelson Tanure, volta a acusar os bondholders (credores estrangeiros) de "fundos abutres", de tentarem manipular o governo e de querer a falência da Oi. Em outra frente, esses mesmos credores anunciaram que avançaram as negociações com os diretores da empresa (e não acionistas) na formulação de um novo plano de recuperação judicial.

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Depois de um tenso dia, quando teve quase a intervenção da Anatel decretada, para depois passar por um elegante desmentido por parte da Advocacia Geral da União (AGU), a Oi continua a enfrentar uma dura disputa pelo seu comando. O fundo Société Mondiale, liderado pelo empresário brasileiro Nelson Tanure, publicou nota hoje, 27, em alguns jornais voltando a acusar os bondholders (credores estrangeiros) de “fundos abutres”  e de tentarem manipular o governo, além de querer a falência da Oi. Em outra frente, esses mesmo credores anunciaram que avançaram as negociações com os diretores da empresa (e não com os acionistas) na formulação de um novo plano de recuperação judicial.

Conforme o comunicado dos credores –  os dois grupos de bondholders mais organizados representados pelas empresas G5/Evercore e pela Moelis & Company, apoiados pela FTI,  e que concentram dívidas de R$ 22 bilhões da companhia – a alta cúpula da Oi  negociou, em Nova Iorque, durante os dias 18 a 24, outras condições para a injeção de novos recursos na empresa, em condições diferentes às anunciadas no dia 6 de outubro pela companhia. 

O Société Mondiale, por sua vez, argumenta que esse plano apresentado no início de outubro”oferece tratamento justo para as empresas que sempre apoiaram a Oi, pois os credores financeiros terão participação entre 50% a 60% da Oi recuperada, enquanto os atuais acionistas serão diluídos para participação de 40%, porém com Oi forte”.

Os bondolders, por sua vez, afirmam que o diálogo construtivo com a ” alta administração da companhia resultou em  “modificações a um “term sheet” relativo a plano(s) alternativo(s) para a reestruturação do Grupo Oi capaz(es) de reunir amplo apoio dos credores e fornecer à Companhia suficiente dinheiro novo através de plano(s) implementável(is) e viável(is).”

Argentina

Mas, para o Société Mondiale, esses fundos são “especializados em sufocar governos em seus momentos de crise (como a Argentina e Porto Rico) e lucrar ao pedir a quebra das empresas em que eles abordam, inclusive como fazem atualmente com a Petrobrás”.

E por final, o fundo afirma ter confiança de que chegará a um acordo que “atenda as demandas da Anatel e dos bancos públicos”, preservando a empresa financeira e operacionalmente, lembrando que a proposta apresentada no último dia 6 permitirá a redução da dívida da Oi de R$ 65 bilhões para R$ 35 bilhões, de longo prazo.

Enquanto isso, o governo, conforme a ministra da AGU, Grace Mendonça afirma estar traçando um novo plano de recuperação que teria o apoio de todos. O que parece muito difícil de ser comprovado. A conferir.

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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